Better Call Saul: "Klick" 2x10 [Season Finale]
No último domingo foi votado no plenário da câmara dos deputados a admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Nele, ocorreu um evento desagradável, quando o deputado Jean Wyllys deu uma cusparada em direção a outro deputado, Jair Bolsonaro, após ter sofrido suposta provocação.
Quem está errado? Simples dizer: os dois. Quem está menos errado? Quem cometeu "maior" crime? Pouco importa, crime é crime. O que isso tem a ver com Better Call Saul?
É o sujo falando do mal lavado (incluindo a maioria dos discursos dos deputados), e o season finale de Better Call Saul exemplifica isso muito bem. O até então "incorruptÃvel" Chuck vinha lutando contra o corrupto assumido Jimmy, enquanto nós não sabÃamos qual lado escolher. Claro que a tendência é que torçamos para Jimmy, que, apesar de seus trambiques, muitas vezes tinha fim "justificável" para isso.
Jimmy é uma boa pessoa, por isso é "avalizado" por nós. Ele segue sua carreira de trambiques mas tem ótimo coração. Mesmo colocando tudo a perder, mesmo ele correndo o risco de ser preso, perder sua licença de advogado, larga tudo para salvar seu irmão, passa por cima de qualquer orgulho e fica ao seu lado, cuidando de sua pessoa. Confessa seu crime para que seu irmão não tenha que se aposentar. Jimmy é muito esperto, mesmo, mas seu coração mole acaba muitas vezes com ele.
O episódio mostrou claramente de onde vem toda a implicância de Chuck para com seu irmão. Orgulho, ódio, inveja, são sentimentos presentes em Chuck (ausentes em Jimmy) que fazem com que ele não crie valor algum a seu irmão. Esses sentimentos vieram da sua inveja, pois sequer foi capaz de dizer a Jimmy que a mãe de ambos clamava pelo seu nome nos últimos segundos de vida. Ele mentiu. O "incorruptÃvel" Chuck mentiu.
O "incorruptÃvel" Chuck foi capaz de criar provas para mostrar para todos que ele estava certo, que Jimmy deveria pagar pelos seus crimes. Provas conseguidas ilegalmente, não terá valor jurÃdico. O que espanta é que, de novo, Chuck era o dono da verdade e agora segue infringindo a lei. E pior, falta de reconhecimento total à pessoa que cuida e salvou sua vida.
De novo Vince Gilligan nos coloca em pontos polêmicos, conflitantes, nos forçando a escolher um lado, entre dois criminosos. O núcleo de Jimmy termina muito bem, incrivelmente bem, e, tudo que foi mostrado na temporada até o momento é bem justificado. Nos mostrou que quando reclamos da morosidade em alguns momentos da temporada, estávamos errados.
Mike desgarrou de Jimmy nessa temporada. Pouco dos dois núcleos foi visto, apenas nos primeiros episódios. Nos mostraram quase que duas séries ao mesmo tempo, e, nós só temos a agradecer. Apelidamos o núcleo comandado pelo nosso carequinha de "Better Call Mike", e esses momentos foram, além de fantásticos, nostálgicos.
Ele não quer deixar pontas soltas e sabe que pode morrer (ou algum ente querido) a qualquer momento. Não quer arriscar, não quer viver com essa dúvida. Mike "não esqueceu" de Hector e armou uma emboscada infalÃvel para acabar com o crápula, porém...
Sabemos que Hector, Tuco, Os Primos e Mike não vão morrer em Better Call Saul, óbvio, mas mesmo assim aquela tensão esteve presente. "Atirar ou não?" "Sai da frente!!!" Até que uma buzina é acionada.
O mistério? Quem acionou a buzina do carro de Mike? Todos os Salamancas estavam em sua visão, não foi nenhum deles. A resposta óbvia e saudosa leva o nome de... Gustavo Fring, única pessoa capaz de fazer com que Mike desista (e ele vai desistir) de matar Hector. Tudo leva crer que seja ele mesmo e até bate com essa teoria. Gus não apareceu no season finale de corpo mas esteve presente de alma.
Alma lavada, aproveitando a palavra que fecha o parágrafo anterior. Além de toda essa trama envolvente e empolgante, acompanhamos 48 minutos tecnicamente perfeitos. Impressionante a edição de som no deserto enquanto Mike preparava para atirar. Impressionante as tomadas de câmeras inversas, enquanto acompanhamos Chuck sendo aterrorizados pelas luzes. Impressionante os takes focados em objetos, trilha sonora... Que fotografia fantástica! Enfim. Um show de episódio, literalmente.
A temporada nos mostrou isso em vários momentos mas em seu season finale houve esbanjamento de qualidade. Talvez porque, quem escreveu e dirigiu foi ninguém menos que Vince Gilligan. Fantástico, ansiedade já toma conta para novos episódios, novas temporadas, vida longa à Better Call Saul.